domingo, 5 de junho de 2011

"Mãos na cabeça" - A supressão dos direitos estudantis em Maringá

    Há um tempo sinto que a situação do estudante da UEM tem se tornado mais complicada no que diz respeito à sua vida na Zona 07 e arredores.
    Já fiz um post sobre isso, quando eu iniciava minhas atividades "bloguísticas": Em Maringá a diversão é o leite". Contudo agora a situação parece que piora. A polícia continua agindo em uma política hipócrita anti-estudantil, enquanto a criminalidade cresce. O prefeito, não contente em esmagar a diversão na Zona 07, agora também boicota qualquer festa estudantil em locais onde o barulho não geraria nenhum problema.
   Na semana passada o bar Kanarinhus, que concentrava os jovens nas noites de quinta feira, veio a fechar, por conta dos inumeros prejuízos causados pelas "sutis" ações policiais, com o intuito de dizer aos jovens que era hora de tomar leite e ir para a cama. É claro que o toddy, nesse caso, foi substituído por cassetetes.
   Eu não era um frequentante do bar, gosto de outros tipos de festa. Nem sou um defensor da utilização do som automotivo à volumes exagerados, afinal, quem avisou os motoristas que meu gosto musical é o mesmo deles?
Policiais tratando estudantes como bandidos.
Os mesmos negligenciam os sucessivos assaltos no bairro
   Contudo o que vemos é um exagero nos argumentos e um desvio na verdadeira raiz do problema: o barulho. O moralismo maringaense, tanto das autoridades, quanto da associação de moradores da Zona 07 (que exclui os estudantes do rol de moradores do bairro), levaram o problema do barulho para uma compreensão equivocada da questão: a de que a bebida e os estudantes é que são o problema no bairro.

   O que vimos recentemente foi um recrudescimento das ações anti-estudantis, rotulando todos os estudantes como "baderneiros, bagunceiros", e por que não "bandidos? O que se vê tem origem mais em um conflito de gerações, do que em uma disputa por questões práticas. É uma disputa por um espaço fictício dentro de um bairro.
   Sem falar, é claro, na evidente especulação imobiliária que permeia essa questão, pois é de interesse do prefeito (apoiado por seus "engomados" senhores provenientes do mercado imobiliário) e a associação, que prevê mais um aumento no valor dos imóveis do bairro.
   Afinal, não ouvi ninguém propor a solução do problema por meio de leis e fiscalizações que controlem o volume do som automotivo, ou proveniente de bares. Ao invés disso, propõem o fim definitivo do direito à diversão.

   Os politicos e moradores conservadores que defendem essa política anti-estudantil não fizeram um levantamento mais apurado sobre a questão, com o intuito de verificar quem realmente são os estudantes e quem eram os frequentadores do Kanarinhus. Não levaram em conta, que muitos estudantes não tem carro, e por isso não tem formas de produzir barulho, a não ser que carreguem um equipamento de som nas costas para passar poucas horas na rua, em frente a um bar (algo que julgo bem difícil de se ver).
    Nem sequer foi cogitada a hipotese de que o barulho provém de carros, que por lógica se locomovem, e podem sair da Zona 07.
    Será?
    Ahhh, tá.... Isso cogitaram! Afinal, é de interesse dos bares elitizados do centro da cidade, com maior influencia politica, que tudo isso aconteça. Afinal, o fim da diversão na Zona 07, representa o aumento da frequência desses estabelecimentos.

O que espero com isso tudo?
    Torço para que essa pressão consiga mobilizar a comunidade estudantil da Zona 07, de modo a pressionar o poder publico. É claro que é uma luta difícil.
     Não podemos também achar que se conquista algo  defendendo o indefensável, ou seja, o direito de fazer o que queremos na hora que bem entendemos, incluindo o som alto. Contudo devemos lutar para garantirmos um pouco de cidadania para os estudantes. É o direito de ir e vir que está em jogo, quando os vigilantes do copo alheio se sentem no direito de regular a frequência dos estudantes - maiores de idade, diga-se de passagem - em bares.
   Som alto se combate inibindo o barulho e fiscalizando os DJ's do gosto de do ouvido alheio com seus sons potentes. E não com a expulsão de todos, à força e com cassetetes, dos bares.
    Não sei se a campanha para que os estudantes transfiram seus títulos para Maringá surtirá efeito. Mas tudo que pode ser feito para barrar essa situação é válido. Se é que algo desse tipo tem volta.
    Caso contrário, sabe lá onde podemos chegar e o que mais pode ser tirado dos estudantes. Talvez até o próprio direito de frequentar a Universidade, algo que já não é tão fácil assim para muitos brasileiros.