sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ocupação da Reitoria : a primavera da UEM

De tempos em tempos ocorre em nossa sociedade momentos de grande valor histórico.
Mobilizações, protestos, atos públicos, entre outras manifestações políticas, são coisas que ocorrem sempre, em todos os cantos, aqui e acolá juntam-se pessoas em prol de algum ideal, em prol da construção de algumas coisas ou pela desconstrução de outras. Afinal o tempo histórico implica mudança, e os diferentes contextos propiciam algumas reivindicações.
Contudo, nem todas essas mobilizações conseguem atingir seus objetivos, algumas vezes são emperradas por um contexto desfavorável, por ações desmobilizadoras por parte da autoridades, e principalmente, por falta de apoio e respaldo de muitos que poderiam se inserir na luta. Algo que acaba gerando certa frustração em alguns defensores dessas causas.
Quando a mobilização conta com um contexto favorável, com o apoio de muitos membros pertencentes ao grupo social para o qual se luta, com reivindicações coerentes - que convocam os espíritos aguçados e sedentos por melhorias - e com uma organização muito bem estruturada, harmônica e democrática; o que se sucede é um daqueles momentos únicos, maravilhosos, de luta, de conquista, que mostram para a sociedade que a luta e a pressão podem e devem ser meios para alcançar melhorias e avanços.
Na história da humanidade podemos destacar eventos como o "Maio de 1968" na França,  a "Primavera de Praga", na Tchecoslováquia, no mesmo ano. No Brasil também tivemos nossa primavera com mobilizações ao final da ditadura militar.
Em esferas menores, como universidades, indústrias, municípios e bairros também nos deparamos com um daqueles momentos quase mágicos e únicos de luta e conquista, que marcam a história e a vida daqueles que participaram, se envolveram, acompanharam, da sociedade ou instituição em que ocorre, como é o caso de movimentos estudantis. Enfim, que podemos considerar como um alvorecer político, uma primavera de lutas, de culura e de debate em torno dos problemas que nos cercam

Na última semana, a Universidade Estadual Maringá (UEM) viveu um desses momentos únicos, daqueles que se inicia com reivindicações e manifestações, e ganha proporções maiores, mais do que os próprios estudantes que encabeçam a luta poderiam imaginar quando tudo começou.


As reivindicações ("Quem não pula quer Steak!")

No fim de 2010, nas eleições do DCE da UEM, a chapa Movimente-se UEM alcançou uma esmagadora vitória no pleito. A chapa representava uma reorganização, renovação e remobilização do movimento estudantil na universidade, mantendo algumas importantes bandeiras  (como a construção da Casa do Estudante e a luta por melhorias nos campi extensões da UEM) e levantando outras (como a questão ambiental na universidade). Além disso, a chapa marcava o fim da estapafúrdia gestão Bonde do Amor.
Na gestão da entidade estudantil, a Movimente-se realizou inúmeras reivindicações, com diversos flancos de luta, mas com uma coesão e apoio nunca antes vistos. Desde o início do ano os problemas do RU e o corte de verbas estaduais em 38%  foram os carros-chefe da atuação do DCE, que sempre buscou cobrar da reitoria, e negociar com ela, as propostas para solução destes e de outros problemas.
Mesmo com a realização de inúmeras tentativas, com reuniões e documentos que pautavam os objetivos à serem alcançados, a reitoria nada fez para solucionar os problemas. (ou então fingiu que fez, como ocorreu com a patética troca da coordenação do Restaurante Universitário).
O DCE deu um prazo para a reitoria se posicionar, anunciar medidas e prazos para cumprí-las. A data limite foi estipulada para o dia 25 de agosto, para quando foi marcada uma manifestação que daria o ultimato à reitoria, ou no caso das reivindicações sobre o RU, um RUltimato, como sugere o vídeo produzido para apontar as condições do RU, principalmente as condições insalubres de trabalho, nas quais os funcionários do RU estão inseridos.

 

A ocupação

Na referida manifestação do dia 25 de agosto, os estudantes se reuniram no RU e de lá subiram para a reitoria, com o intuito de cobrar providências do reitor. O que se vê a partir de então é uma sucessão de fatos que torna esse evento um dos mais importantes, abrangentes, organizados e vitoriosos de toda a história dessa Universidade.
Ocupação da reitoria: dia 25/08/2011
Após o reitor apresentar uma lista de propostas  que não satisfez as reivindicações dos acadêmicos, foi realizada uma assembléia, na qual se decidiu pela ocupação do prédio da reitoria e a exigência de negociações com representantes do Governo Estadual do Paraná, para o atendimento das reivindicações.
A entrada na reitoria não foi tão fácil assim, os estudantes foram barrados por alguns vigilantes - um deles chegou a usar um aparelho de choque elétrico contra um dos estudantes - e tiveram dificuldades para convencer alguns funcionários da reitoria  (incluindo o próprio reitor) de que a ocupação era pacífica, e que eles poderiam deixar o prédio sem problemas.
O prédio foi ocupado, e os estudantes zelaram pelo patrimônio público, catalogando todos os itens lá existentes, para depois poder entregar a reitoria nas mesmas condições em que ela estava quando foi ocupada. A unica porta que teve de ser arrombada foi substituída por uma nova, que foi envernizada no dia da desocupação. Ou seja, a organização se deu desde o começo. E se manteve durante toda a ocupação.
O que se viu daí em diante foi um sucessivo crescimento da adesão ao movimento e um aumento de força do mesmo.


A primeira vitória

Eu, como ex-acadêmico da UEM, sempre procurei me interar dos acontecimentos da universidade, mesmo após eu não pertencer mais à comunidade acadêmica. Contudo eu não pude presenciar a ocupação por motivos de trabalho; porém, mesmo sentado frente ao computador, em casa, já pude perceber a primeira vitória desse movimento.
Independente dos resultados que a negociação traria - negociação que foi marcada para a ultima terça-feira, em curitiba - no fim de semana já era possível concluir algumas grandes vitórias que a ocupação trouxe para a Universidade.
A forma como estavam organizados os estudantes era bonita de se ver. Todo mundo trabalhando duro
para encaminhar as lutas, manter a organização do local, cuidar da segurança, da alimentação, da divulgação do movimento no blog e nas redes sociais, de organizar as reivindicações e chamar os estudantes para a luta.
O clima da ocupação contribuiu para ocasionar o que, ao meu modo de ver, foi a grande conquista que a ocupação já havia obtido, independentemente do resultado: o florescimento cultural e político da universidade.

Em todos os locais, dentro e fora da UEM: Nas salas de aula, nos departamentos, nas redes sociais, nas conversas do fim de semana, enfim, na esfera universitária, e até mesmo fora dela (apesar das distorções que a imprensa e a sub-imprensa maringaense tentou realizar acerca do movimento) um assunto predominava: a ocupação da reitoria. Contra ou a favor (a maioria dos comentários que vi) todos se posicionavam e fazia crescer a movimentação no campo do debate.
Poucas vezes a UEM havia se tornado o palco de um debate político tão intenso. E só de conclamar todos ao debate já foi uma vitória.

A ocupação da Rádio UEM, no domingo, deu ao movimento maior amplitude, permitindo que ele pudesse chegar aos ouvidos de quem até então só poderia ouvir ou ver todas as baboseiras faladas e escritas na mídia local (O Diário, RPC, Rede Massa, RIC TV), e não ter contato com mais nenhuma informação relevante sobre o movimento.
Além disso, o movimento contou com um "florescimento" cultural. A ocupação não era um espaço apenas ocupado, um vazio ocupado por estudantes.
A reitoria, teve 8 dias de manifestações culturais, de debates promovidos, de aulas ministradas, de oficinas. O que contribuiu para o clima de harmonia que o local emanou.
Ao chegar na ocupação era possivel ver que a universidade parecia ter ganhado uma nova cara. Na qual os universitários efetivamente estavam fazendo política e cultura.
Cartazes poéticos eram complementados pelo debate político, que por sua vez era embalado pela batida forte, enérgica e vibrante do maracatu.
Quem estava em casa, podia compartilhar desse clima pela Rádio UEM, que recebeu o nome de Rádio Ocupação.


Durante meus 7 anos na UEM (Graduação e Pós Graduação), eu, que já havia participado de mobilizações e manifestações políticas jamais tinha visto algo nessas proporções. Um debate político tão intenso, e o principal, que envolveu uma grande quantidade de pessoas.
Melhor do que pessoas dando opiniões, a ocupação da reitoria, conseguiu angariar um apoio enorme da comunidade acadêmica. Algo que nos meus tempos de graduação, eu nunca havia conseguido ver.
Quando eu era um estudante do curso de História, na UEM, participei por diversas vezes, de muitas manifestações e mobilizações no meu curso e na universidade. Contudo, sempre recebendo inúmeros olhares de reprovação e palavras de desprezo pelas lutas. Conseguiamos apoio? Claro que sim, mas era muito reduzido para assegurar um movimento com grande respaldo da comunidade acadêmica.
Conversando com um colega meu que participou de lutas naquela época, eu afirmei que nós davamos "murro em ponta de faca", e que nós até que faziamos bastante barulho dentro daquele contexto que proporcionava resultados em menor escala.

Servidores do RU apaludindo estudantes.
A ocupação de 2011 foi algo em proporções que eu nunca havia visto. A amplitude que o movimento ganhou, o apoio maciço de alunos de cursos variados, a quantidade de pessoas presentes na ocupação todos os dias, o apoio importante de muitos professores e de servidores de alguns setores (principalmente do Restaurante Universitário) deu à ocupação um caráter único. Um daqueles momentos que transcendem as expectativas de todos e acabam entrando para a história.

Luta! Luta... Vitória.... e mais luta!

Ato pela educação, realizado na terça, dia 30/08/2011
A semana transcorreu, e a ocupação se mantinha firme. Fui até o local todos os dias, a partir de segunda feira. E o que vi não só confirmava o que descrevi, como me emocionava.
Me saltava aos olhos. Um misto de saudade da graduação e de alegria por saber que eu dei a minha pequena contribuição há um tempo; e que os objetivos já traçados naqueles tempos, amadureceram e deram frutos; tudo isso desembocava em arrepios em minha pele e as vezes até em lágrimas que umedeciam e ameaçacam transbordar de meus olhos.
Só quem lutou por algo, quem almejou melhorias, quem ama essa universidade, como eu amo, mesmo não sendo mais aluno, sabe o que significa ver uma luta chegar a um alto nível de organização, mobilização, respaldo  e principalmente na conquista dos objetivos almejados.

Sim, a vitória veio. Após negociações, o corte da rádio por parte do reitor,  a reativação da rádio e um belíssimo e emocionante Ato pela Educação, na ultima terça feira; é que os estudantes conquistam avanços concretos: a reunião com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) apresenta avanços e a garantia de várias reivindicações atendidas, mas ainda é pouco. Os estudantes decidem por elaborar uma contra-proposta, contemplando os objetivos requeridos. (clique aqui para ver as contrapropostas)
O desfecho vem após o reitor e a Seti acatarem todas as reivindicações da contra-proposta. E enfim a vitória estava consolidada.
O mais belo nesse desfecho foi a emoção com a qual os estudantes da ocupação receberam a notícia. Em poucos minutos, diversos estudantes chegaram à reitoria e comemoraram.

Ato pela educação e de vitória, dia 02/09/2011
A alegria no semblante dos estudantes era de grande magnitude, o que não deixava transparecer o cansaço daqueles que durante oito dias lutaram com todas as forças; ocupando um espaço público que já é nosso, e que é outorgado pela comunidade acadêmica para o reitor utiliza-lo em prol da univerdiade.
Muitos estudantes quase nem dormiram nesse período de ocupação.
Eu nunca havia visto algo tão arrepiante; tão emocionante, tão belo como a luta e a conquista dos estudantes da UEM. Eu nunca havia visto um movimento tão amadurecido e tão organizado. Eu nunca havia visto uma adesão tão grande à uma manifestação na UEM.
Uma prova de que os movimentos sociais, como o movimento estudantil, estão ganhando corpo, estão ganhando solidez e estão crescendo em adesão.
Durante uma semana, eu acompanhei essa luta, e a defendi com muito afinco. Debatendo, discutindo e torcendo pela conquista dos estudantes. Uma conquista que também é minha. É de todos, acadêmicos ou não. Que passam ou que passaram pela UEM em algum momento de suas vidas. Ou daqueles na sociedade que almejam um lugar melhor para viver. A luta estudantil é uma das lutas por uma sociedade mais justa. Ela aponta um caminho importante: É possível vencer lutando! Os resultados estão aí, concretos; e que agora serão fiscalizados e acompanhados pelos estudantes.

Todos que lá ficaram enfrentaram o desconforto de dormir na reitoria, abandonaram o aconchego de seus lares, deixaram de lado muitos afazeres e, principalmente, levantaram de seus lugares para reivindicar o que nos é de direito para a universidade. E junto com eles tiraram inúmeras pessoas do ostracismo e da apatia política, e trouxeram para o movimento.
Como diz a palavra de ordem puxada pelo movimento:
"Vem, vem, vem, que a luta cresce!"
Eles vieram, e vieram em grande número! A luta cresceu, e como cresceu!
Se tornou o que de mais belo surgiu nessa universidade nos ultimos anos, um dos momentos mais belos de toda a história da universidade.
Sim, a luta cresceu, e a UEM floresceu.
E a primavera das conquistas políticas finalmente chegou por aqui.
Mas não parou, porque muitas outras estações ainda virão

domingo, 5 de junho de 2011

"Mãos na cabeça" - A supressão dos direitos estudantis em Maringá

    Há um tempo sinto que a situação do estudante da UEM tem se tornado mais complicada no que diz respeito à sua vida na Zona 07 e arredores.
    Já fiz um post sobre isso, quando eu iniciava minhas atividades "bloguísticas": Em Maringá a diversão é o leite". Contudo agora a situação parece que piora. A polícia continua agindo em uma política hipócrita anti-estudantil, enquanto a criminalidade cresce. O prefeito, não contente em esmagar a diversão na Zona 07, agora também boicota qualquer festa estudantil em locais onde o barulho não geraria nenhum problema.
   Na semana passada o bar Kanarinhus, que concentrava os jovens nas noites de quinta feira, veio a fechar, por conta dos inumeros prejuízos causados pelas "sutis" ações policiais, com o intuito de dizer aos jovens que era hora de tomar leite e ir para a cama. É claro que o toddy, nesse caso, foi substituído por cassetetes.
   Eu não era um frequentante do bar, gosto de outros tipos de festa. Nem sou um defensor da utilização do som automotivo à volumes exagerados, afinal, quem avisou os motoristas que meu gosto musical é o mesmo deles?
Policiais tratando estudantes como bandidos.
Os mesmos negligenciam os sucessivos assaltos no bairro
   Contudo o que vemos é um exagero nos argumentos e um desvio na verdadeira raiz do problema: o barulho. O moralismo maringaense, tanto das autoridades, quanto da associação de moradores da Zona 07 (que exclui os estudantes do rol de moradores do bairro), levaram o problema do barulho para uma compreensão equivocada da questão: a de que a bebida e os estudantes é que são o problema no bairro.

   O que vimos recentemente foi um recrudescimento das ações anti-estudantis, rotulando todos os estudantes como "baderneiros, bagunceiros", e por que não "bandidos? O que se vê tem origem mais em um conflito de gerações, do que em uma disputa por questões práticas. É uma disputa por um espaço fictício dentro de um bairro.
   Sem falar, é claro, na evidente especulação imobiliária que permeia essa questão, pois é de interesse do prefeito (apoiado por seus "engomados" senhores provenientes do mercado imobiliário) e a associação, que prevê mais um aumento no valor dos imóveis do bairro.
   Afinal, não ouvi ninguém propor a solução do problema por meio de leis e fiscalizações que controlem o volume do som automotivo, ou proveniente de bares. Ao invés disso, propõem o fim definitivo do direito à diversão.

   Os politicos e moradores conservadores que defendem essa política anti-estudantil não fizeram um levantamento mais apurado sobre a questão, com o intuito de verificar quem realmente são os estudantes e quem eram os frequentadores do Kanarinhus. Não levaram em conta, que muitos estudantes não tem carro, e por isso não tem formas de produzir barulho, a não ser que carreguem um equipamento de som nas costas para passar poucas horas na rua, em frente a um bar (algo que julgo bem difícil de se ver).
    Nem sequer foi cogitada a hipotese de que o barulho provém de carros, que por lógica se locomovem, e podem sair da Zona 07.
    Será?
    Ahhh, tá.... Isso cogitaram! Afinal, é de interesse dos bares elitizados do centro da cidade, com maior influencia politica, que tudo isso aconteça. Afinal, o fim da diversão na Zona 07, representa o aumento da frequência desses estabelecimentos.

O que espero com isso tudo?
    Torço para que essa pressão consiga mobilizar a comunidade estudantil da Zona 07, de modo a pressionar o poder publico. É claro que é uma luta difícil.
     Não podemos também achar que se conquista algo  defendendo o indefensável, ou seja, o direito de fazer o que queremos na hora que bem entendemos, incluindo o som alto. Contudo devemos lutar para garantirmos um pouco de cidadania para os estudantes. É o direito de ir e vir que está em jogo, quando os vigilantes do copo alheio se sentem no direito de regular a frequência dos estudantes - maiores de idade, diga-se de passagem - em bares.
   Som alto se combate inibindo o barulho e fiscalizando os DJ's do gosto de do ouvido alheio com seus sons potentes. E não com a expulsão de todos, à força e com cassetetes, dos bares.
    Não sei se a campanha para que os estudantes transfiram seus títulos para Maringá surtirá efeito. Mas tudo que pode ser feito para barrar essa situação é válido. Se é que algo desse tipo tem volta.
    Caso contrário, sabe lá onde podemos chegar e o que mais pode ser tirado dos estudantes. Talvez até o próprio direito de frequentar a Universidade, algo que já não é tão fácil assim para muitos brasileiros.

domingo, 29 de maio de 2011

Mais uma volta... Ou seria revolta?

Enfim voltei. Ou revoltei.

Deixei o blog jogado às traças, à merce de moscas e com formação de teias de aranha. Imaginei até não voltar. Desistir do blog mesmo.

Aliás eu desisti!

Por algum tempo eu realmente aposentei meu blog, mas sabendo lá no fundo que voltaria. Utilizei-o muito pouco, mas com muito prazer; contudo alguns compromissos e a própria preguiça, me afastaram dele.

Um blog recém-nascido já entrando em coma. Eu já o dava como finalizado.

Muita coisa aconteceu em minha vida nesses 5 meses de abandono, em minha incipiente atuação blogueira. !
(Aliás não gosto do termo "blogueiro". Dá a impressão de profissão, quando procuro aqui um local para minha expressão, compartilhamento de idéias, debate, entre outras manifestações).

Desde o inicio dessa catalepsia bloguistica minha vida sofreu muitas mudanças. Tive 5 meses em que vivi cinco anos. Passei por correrias, vitórias, conquistas, e sem dúvida a maior tristeza que já tive em toda minha vida.

De lá pra cá, passei o mês de Janeiro no turbilhão de finalizar minha dissertação de mestrado. Foi um custo, ou como dizem por aí: "é como gerar um filho".
Após isso veio a defesa, que me apontou questões importantes para que eu me aprimore em trabalhos futuros, e veio como um sabor de conquista. Pois poucos sabem o custo que foi para que eu conseguisse manter o ânimo e finalizar esse trabalho.

Vivi também a satisfação e o desafio de retornar à docência na Educação Básica, consegui aulas na Rede Pública do Paraná, algumas definitivas, outras temporárias. Mas todas representando uma experiência complicada, mas interessante. Gratificante em algunas aspectos, complicadas em outros.

Contudo nesse tempo de ausência, ocorreu uma perda irreparável: vivi o momento mais triste de minha vida quando perdi meu querido tio. Um cara a quem devo muito do que sou como ser humano.
O motivo de seu falecimento tornou sua perda muito mais dolorosa ainda: ele foi morto em uma tentativa de assalto. Algo chocante; fato que minha família toda está tentando assimilar até agora, mas cofesso para todos que está muito difícil, mesmo após ter se passado quase 4 meses do ocorrido.
Tem sido complicado para lidar com essa situação em minha intimidade. Ele era como um segundo pai para mim. Aprendi muito com ele e guardo suas lembranças vivas em minha mente. É até difícil escrever ou falar sobre ele sem me emocionar ou me entristecer. Mas sei que o melhor caminho é falar. É um fato e tenho de lidar com isso.


Com tudo isso, o blog, que já estava encostado, foi abandonado e esquecido. Pelo menos temporáriamente.


Todavia, o mundo gira; as coisas ocorrem em nossa sociedade; pessoas falam, outras são caladas; os carros continuam transitando pelas ruas; os habitantes desse mundo maluco continuam a dar demonstrações de irracionalidade, intolerância e hipocrisia, expondo os sintomas de e as feridas da insanidade social que vivemos.


Em meio à diversas ebulições de reacionarismo, preconceito e exageros no meio social; resolvi voltar. Senti a necessidade de retornar a este espaço, de expressar meus gostos e minhas opiniões. De apontar tópicos poucos debatidos em questões atuais; seja no nível municipal, estadual, nacional, mundial, ou então na sala em que dormem minhas duas gatas de estimação. Quem acompanha o que se passa nas redes sociais e no mundo real, sabe de quais problemas falo.


Por isso, ao observar absurdos policiais em meu bairro e no país; argumentações abomináveis sobre política e ordem social, observar o preconceito crescente - e enaltecido por alguns - contra algumas minorias; medidas políticas locais basedas em hipocrisia e especulação imobiliária (como ocorre na Zona 07, em Maringá); ao ver as autoridades matando baratas com bazucas, e ainda mirando para o lado errado (um problema visto na questão dos bares de Maringá e em uma recente manifestação na cidade de São Paulo); decido voltar.

Em minha mente as idéias estão em ebulição, algumas coisa que vejo, que penso, e que não posso guardar comigo.

Esse tempo sem o blog me ajudou a amadurecer o próprio blog. Me ajudou a saber o que eu quero dele.
Quero apenas deixar explicitas minhas opniões, e quem sabe fomentar um debate, por menor que seja, sobre isso.
Ou pode ser apenas um canal para colocar minhas revoltas para fora.
Afinal, os 27 anos - completado no ultimo mês - pode ter me amadurecido em alguns aspectos, mas jamais me trouxe a caretice, a senilidade e o fim da rebeldia.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Homenagens Natalinas

É natal!
Tempo de encher a barriga, enfrentar filas no supermercado, no shopping; é tempo de deixar a conta no vermelho e acordar de ressaca, tempo de ouvir Simone até arremessarmos um sapato nas caixas de som. tempo de bater palmas para o aumento de salário dos parlamentares, enquanto batalhamos o mísero trocado do dia a dia. Tempo de ser solidário aos que sofrem, como os sujeitos vestidos de papai-noel nesse calor infernal, para batalhar aquele dinheirinho extra ou uma oportunidade temporária  em um mercado de trabalho que já o excluiu por algum motivo mercadológico, que o deixou à margem da vida econômica saudável. Esse mesmo mercado agora dá emprego para alguém que em janeiro será exluído novamente.

O Natal é isso: transitoriedade.

Papai noel e o desemprego após o natal
Sim, no natal tudo é transitório: sentimos a necessidade de nos redimir de nossas "cagadas", devido a um certo clima de compaixão, cumprimentamos nossos inimigos, abraçamos a todos. Dia 26 continuaremos a encarnar esses personagens, afinal, as promessas de Ano Novo emergem. Contudo no dia 1 de Janeiro, esqueceremos de tudo isso e voltaremos a pisar e a cuspir em todos aqueles em quem sempre pisamos e cuspimos. Inclusive no papai noel desempregado.
Natal, uma festa do comércio mundial, na qual se comercializam roupas, brinquedos, eletroeletrônicos, eletroportáteis e sentimentos; principalmente este ultimo, já que ele é o ingrediente fundamental para a venda dos outros.
Não é nada contra a festa. Nada mesmo. Acho importante que as pessoas repensem suas vidas. E aqui não se trata de religião (quem me conhece sabe que não me dou muito com religiões e crenças), e sim de necessidade humana. A grande questão é: Tudo isso é real ou um mero momento teatral em nosso ciclo anual. Um momento em que expressamos arrependimento por nosso egoísmo e arrogância como forma de zerarmos tudo isso para dar inicio a mais egoísmo e arrogancia no próximo ano.
Contudo, desejo a todos um ótimo natal! Para aqueles que pretendem algo relacionado aos seus próprios sentimentos, por favor, reflitam sobre isso.

Até Papai Noel perde o rumo com as comidas e bebidas
Para mim, tudo o que as pessoas prometem no natal, pode ser feito no restante do ano. 
Eu prefiro ficar com a parte das comidas, bebidas e um momento para reencontrar meus parentes (algo que pode ser feito em qualquer época do ano).
Quanto à reflexão, isso deve ser feito no dia a dia, em nossos atos. Ou será que estamos tão anestsiados assim que precisamos de uma data em que a mídia, a igreja, o panetone e os e-mails piegas ne natal, nos alertem que "agora é hora de reflexão", para que depois que tudo isso passe a mensagem que prevelaça seja "pise na cabeça de seu amigo do lado, ele é seu adversário na competição da vida".

Desejo a todos um ótimo natal, um excelente fim de ano, e principalmente a conscientização de que precisamos abandonar algumas hipocrisias.

Apesar disso, estou feliz e sei que hoje é dia de festa. Gosto de festas e de confraternizações e não deixo de compartilhar desse clima hoje. Apenas achei uma data certa para colocar esses meus posicionamentos.

Deixo duas homenagens natalinas interessantes e divertidas, que ao meu ver estão mais de acordo com a postagem do que qualquer Jingle Bells (ou Jungle Bells) e música da Simone: Garotos Podres e Raimundos, respectivamente com "Papai Noel FDP" e Infeliz Natal".



Um Feliz Natal para todos!
E como diria aquela Tia que recebe os parentes em casa no natal: "Desculpem qualquer coisa"

O Blog não morreu

Para aqueles que acham que o blog acabou, ou que desisti da empreitada bloguística no mundo cyber-virtual-contemporâneo-pseudo-nerd estão plenamente equivocados. Aqui estou, de volta e mais vivo do que nunca. Apenas passei por um processo de preguiça contínua e falta de idéias criativas para meu blog. Na realidade idéias até rolaram, mas a preguiça foi maior.

Mas aqui estou para discorrer de forma inculta e irrestrita sobre os mais variados assuntos da política, cultura, alimentação, logística, desportes, ideologias, rasgações de seda, des-rasgações de seda, rasgações de cetim, des-rasgações de cetim, arregaçamento de mangas, tweetíces, desregramentos sociais, e despirocações nacionais, internacionais, contemporêneas ou de outrora.

Minhas cornetagens não cessarão
Como diria nossas colegas atendentes de telemarketing de cada dia (e cada manhã de sábado perdida por um telefone tocado): Prometemos estar atualizando o blog, para vocês estarem lendo, as minhas cornetices que estarão sendo pensadas e colocadas por aqui.

Hoje quebrei um pouco da fomalidade habitual do blog. Pois é como eu já afirmei: este blog não tem um formato específico nem um objetivo específico, ele se altera de acordo com minhas vontades, meu humor, inspirações ou simplesmente com aquilo que me vier à mente.
Logo volto a falar minhas cornetices por aqui, mas o MEU BLOG NÃO MORREU!

domingo, 28 de novembro de 2010

GEORDIE: Brian Johnson pré AC-DC

Se existisse uma medição de pureza para o Rock'n Roll, o AC-DC passaria fácil pelos testes desse IMETRO do Rock. Não sou nenhum purista, nem idealista, no que diz respeito ao Rock e à música como um todo. Aliás, puristas musicais, em geral, são chatos e não conseguem abrir a cabeça para nada que exista além daquilo que cultuam. De certa forma limita a visão em um campo tão vasto, amplo e as vezes, ambíguo, como a música.
Brian Johnson já no AC-DC na década de 1980

Mas vamos voltar ao que interessa: AC-DC, mais precisamente, Brian Johnson.


O que disse, não se refere a um conceito de pureza musical. Mas sim para me referir ao AC-DC como um representante do tal "bom e velho Rock'n Roll". Contudo, quem conhece bem e gosta de AC-DC, com certeza atribui boa parte disso ao vocal um pouco rouco e muito competente de Brian Johnson (sem esquecer a presença de palco e riffs saborosos de Angus Young).

Contudo pouca gente conhece a trajetória musical de Brian Johnson antes de sua entrada no AC-DC em 1980, após a morte de Bon Scott. Claro que a carreira anterior se ofusca, quando um vocalista estréia em uma banda de sucesso e logo de cara emplaca o clássico Back in Black, o que fez Johnson se tornar inquestionável no lugar do excelente Scott.

Na década de 1970, Brian Johnson já mostrava sua competência musical à frente da banda Geordie. Uma banda inglesa formada em 1972 e que gozava de certa solidez no cenário músical britânico. Geordie se apresenta como uma banda de Glam Rock, mais por seu visual do que pelo som: Hard Rock de qualidade. Geordie gravou 4 Cd's com Brian Johnson nos vocais e mais um após a saída de Johnson, em 1982.



O que mais chama a atenção é a qualidade músical da banda, em alguns momentos lembrando muito AC-DC, principalmente pela competencia vocal de Johnson. Além disso, por ser uma banda que se enquadrava no que poderíamos chamar de Glam Rock, os integrantes usavam roupas estravagantes e apertadas, uma característica visual comum nas décadas de 1970 e 1980.

Aqui faço um adendo:

- Essa questão das roupas e do visual da banda me faz concluir que não há problema em existir uma banda com visual diferente. A história do Rock mostra isso. (De Secos e Molhados a David Bowe e Twisted Sister) A questão está no que essa banda propõe musicalmente. É aí que questiono Boys Bands disfarçadas com guitarras da atualidade, como os tais Restart, do tal do "Pelanza" (com esse nome, eu também me vingaria do mundo montando uma banda como a dele), que não promovem absolutamente nada musicalmente que possa justificar um visual diferente.


Não fazia idéia da existencia dessa banda, até esses dias, quando estava procurando algumas informações sobre o AC-DC.

Para quem gosta de AC-DC, vale a pena conferir Geordie, uma boa forma de se espantar o tédio de domingo à tarde. Geordie e AC-DC: Qualquer semelhança não é mera coincidência.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Eleições DCE UEM 2010: Por que apóio "Movimente-se UEM"?

Ao contrário do que parece não farei uma postagem cheia de dados políticos da universidade, nem argumentar sobre quais as medidas que um DCE deve tomar para realizar uma gestão de qualidade. O que procurarei apresentar diz respeito à uma questão de posicionamento político. Por que apoio a chapa 1 Movimente-se UEM.

Neste exato momento em que escrevo, as eleições na UEM já se encerraram. Provavelmente o processo de apuração já está ocorrendo, por isso o que eu escrever aqui não mudará o que ocorreu. Pode até ser que amanhã a "Movimente-se UEM" não tenha ganhado as eleições (aliás quem souber o resultado, por favor comente informando). Porém, neste espaço em meu blog quero apenas deixar clara a minha opinião.
A chapa "Movimente-se UEM"  traz caminhos e propostas relevantes

Quando estava na graduação, participei de forma tímida de um movimento que marcou a história da universidade, a chapa "Caminhando". Independentemente se vocês gostem ou não daquilo que outrora foi a Caminhando, algo é certo, foi um movimento que marcou sua época na UEM. Não participei de forma extremamente ativa, ao contrário, participei de forma tímida, mas sempre fui acolhido de forma calorosa pelos membros da chapa. Enfim, era um outro contexto, um outro momento. Não vou debater as idéias existentes em tal movimento. Passível de críticas, mas sempre transparente para com o estudante, coisa que não vi em nenhuma outra gestão do DCE

O que me importa é a semente deixada pela Caminhando e o surgimento de um movimento amadurecido, crítico, auto-crítico, e bastante preocupado com a realidade estudantil na UEM; movimento este que desembocou na chapa "Movimente-se UEM". Não, não é a Caminhando, é um outro movimento, outros atores sociais. Contudo, suas propostas e, creio eu, que a atuação dessa chapa poderá entrar para a história da UEM.

Hoje, minha vida se deslocou para fora da vida ativa da UEM. Apesar de mestrando, não estou tão a par do que ocorre no dia a dia da universidade. Contudo, algumas coisas são explicitas, e não precisa ser nenhum militante ativo para entender. A verdade é que estou FARTO do Bonde do Horror. Estou farto de suas pseudo-piadinhas mal elaboradas. Estou farto de uma gestão que fez retornar tudo o que havia de pior na política de movimentos estudantis (mentiras, obscuridade, oportunismo e discurso vazio).

Sabemos que o Bonde nada mais é que uma reciclagem mal feita de gestões lamacentas que já passaram pela UEM, como "Mostre sua Cara" e "Expressão", esta última eu acompanhei de perto, rolou até problemas com a utilização do DCE para consumo e tráfico de drogas pesadas, se bem que a própria chapa já poderia ser considerada como uma droga pesada, por si só.

O bonde traz consigo, os mesmos grupos que o apoiaram anteriormente (UNE, PC do B e PT), e realizam alguns posicionamentos antidemocráticos e anti-éticos identicos aos das gestões supracitadas, como a centralização do poder em decisões, a realização de votações obscuras e a falta de anuncio de seus respectivos posicionamentos políticos, algo que a velha Caminhando nunca escondeu. Quer os estudantes gostassem ou não.

Apoiei a "Movimente-se UEM" pela sua maturidade como movimento estudantil; por debaterem questões realmente relevantes para a Universidade, por elevarem à níveis bastante altos os debates políticos da campanha. E enfim, por descontruírem como ninguém a postura pseudo-descontraída e, por que não, cínica, do Bonde do Amor.

O dito Bonde do Amor (que não me surpreende voltar nas próximas eleições com nova cara e com ar de novidade. Talvez como Ônibus da Paixão ou Motocicleta do Sentimentalismo) se utilizou e ainda se utiliza (agora de forma mais tímida e burra) de piadas, gracinhas e brincadeiras em sua publicidade.
Sabemos históricamente que o humor sempre foi um grande veículo de críticas, tendo a ironia como um combustível preciso para abranger as massas e abordar uma realidade de forma lúdica, mas eficaz. Contudo, não é isso que demonstra as piadas vazias do Bonde do Amor; o que se vê é um discurso vazio que se utiliza do pior tipo de humor existente: "o deboche vazio". As propagandas do bonde sempre tiveram a intenção de amortecer os problemas pelo riso, de desviar o olhar da Universidade para a forma e não para o conteúdo.

Na contramão desse humor barato, com seriedade, coerencia e um debate de alto nível; surgiu a chapa "Movimente-se UEM", que com um material de qualidade buscou debater com lucidez a realidade da vida estudantil, englobando os mais variados assuntos: política estudantil, bolsas, meio ambiente, RU, Cultura na Universidade, Lei Seca, Campi de extensões, Semáforo da Colombo, taxas.

O próprio nome conclama o estudante para uma necessidade: "Movimente-se UEM"

Enfim, um grande motivo para o meu apoio se dá pelo fato de que todos os apontamentos dessa chapa encontram um profundo respaldo na realidade academica. Assuntos que interessam ao dia a dia do estudante e ao futuro da Universidade.

Infelizmente, não achei minha urna para votar, e por isso acabei não podendo participar do pleito. A urna da pós graduação localizou-se sempre em frente à BCE, contudo, hoje estava no RU e eu não vi. Mesmo assim espero que ao terminar este post, já tenhamos dado um basta à um tipo de política que já me cansa há muito tempo.

PS - Tentarei atualizar este blog com maior frequência, tem sido difícil pra atualizar nos ultimos dias.

Em tempo: Quando escrevi a postagem a apuração estava ocorrendo. Agora, dia 25/11, de manhã chega a informação que a Chapa "Movimente-se UEM" conseguiu uma ampla vitória nas urnas. Esse tipo de coisa me dá esperança na Universidade.

Quem quiser mais informações sobre a "Movimente-se UEM" clique aqui e acesse o blog da chapa

domingo, 21 de novembro de 2010

O Retorno

Ola para todos
Desculpem a demora na atualização.
Essa semana não tive possibilidade de "fuçar" no blog e não atualizei. Além disso, as idéias e inspirações estiveram escassas nessa semana. Mas logo normalizarei.
Ainda estou me adaptando com esse negócio de blog. Não tenho disciplina suficiente pra atualizar todo dia, ou quase todo dia, esse blog. Por isso de vez em quando o espaço de tempo entre uma postagem e outra será maior.
Mas sempre que eu puder estarei por aqui.
A receptividade de todos ao blog, foi muito boa, por isso aproveito o momento para agradecer a todos que acessaram essa "pocilga".
Não desistam e não desanimem, continuem acessando aqui. Não será tão dolorido quanto pode aparentar. 

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Bônus de Simon & Garfunkel

Atendendo a pedidos de quem gostou do post anterior sobre Simon & Garfunkel (mentira, ninguém pediu, eu é que sou cara de pau e estou postando assim mesmo), mais três músicas dos caras.
Na realidade quanto mais eu ouço, mais eu compreendo e gosto desses caras.
Deixo três músicas: A empolgante (e como tudo deles, sempre inteligente) I am a rock; e as obras primas: The Boxer e a Bridge Over Troubled Water, clássica, bela e sublime, que rendeu alguns Grammys para a dupla, já no final da parceria (1970).



Esta versão de The Boxer é de uma das muitas vezes que realizaram shows juntos após Paul Simon e Art Garfunkel iniciarem suas carreiras solo.



E aqui cantando Bridge over troubled water em um show histórico no Central Park em Nova Iorque, em 1981.



Sensacional
Haveria muitas outras músicas deles pra postar, a escolha é difícil. O repertório é tão rico de pérolas, de músicas dignas de mais posts que fico meio perdido.
Precisamos valorizar alguns artistas que esquecemos, principalmente quando o que eles construiram inspiraram cantores e bandas de gerações posteriores.

domingo, 14 de novembro de 2010

Simon & Garfunkel - The Sound of Silence

Sou suspeito para falar de músicas de décadas passadas. Nasci na década de 1980 (em 1984, precisamente) cresci e vivi minha adolescencia na década de 1990 e sempre, desde pequeno, em casa ou fora, sempre ouvi músicas das décadas de 1960 e 1970. O gosto pela boa música brasileira e o samba de raiz devo muito à minha família. Ouviamos isso em churrascos e reuniões familiares.
Além disso alguns familiares gostavam de bandas e cantores ingleses e estadunidenses que fizeram sucesso em um momento de ebulição contracultural  (o fim da década de 1960) e isso influenciou meus gostos musicais.Claro que muitos viveram a adolescencia sem nem saber o que era contra-cultura, e sem compartilhar qualquer ideal que algumas músicas carregavam. Talvez se soubessem nem iriam gostar delas.
Bandas como The Mamas and the Papas, com o popular California Dreamin, é um exemplo disso.
Contudo, hoje serei mais suscinto em minha postagem, e não pretendo discutir contextos ou conceitos, apenas mostrar uma dupla que sem dúvida está entre os meus artistas preferidos: "Simon & Garfunkel" .
Poderia falar de bandas clássicas de Rock de fins da década de 1960, época de ebolição cultural e política,  contudo poucas músicas me tocam tão profundamente quanto algumas desses caras.
Entre suas diversas músicas, está The Sound of Silence (pronto, cheguei onde eu queria), que é com certeza umas das músicas que mais me paralisam e mexem comigo de forma intensa. Comecei a gostar mais ainda após ver a tradução da letra e a mensagem de que é preciso que vozes se manifestem em meio a um mundo de silencio.



*Um agradecimento especial ao meu amigo @84odi que devido a uma twitada na semana passada fez com que eu não parasse de ouvir essa música nessa semana.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Em Maringá a diversão é o leite



       Quase dois anos se passaram e Maringá pode comemorar o título de cidade com uma das leis mais conservadoras e mais cretinas que já se ouviu falar: A Lei Seca nos arredores da UEM. Uma lei, que eu não conseguiria imaginar nem em cidades de cultura mais provinciana que a cidade canção (Se bem que os senhores do Feudo Maringá, e a dinastia dos Pés de Barros tratam a população com mentalidade provinciana, pautada por um cristianismo quase ultramontano, medieval mesmo).


   É triste a ignorancia e a falta de argumentos que pautam essa lei. Criada sob inspiração religiosa e moralista, um moralismo dos mais retrógados e conservadores possíveis (se é que existe algum moralismo que não seja conservador).

   Mais incrível ainda é a camada de óleo de peróba que reveste o apoio da imprensa local e da opinião pública à esta lei bizarra. Pautando-se por argumentos preconceituosos contra estudantes e por falácias autoritárias em torno do cerceamento de liberdades indivíduais.
O problema inicia-se a partir de uma visão equivocada que grande parte da cidade tem dos estudantes da UEM. Em geral vêem os estudantes como "vagabundos" e "bagunceiros", pautado por um, intelectualmente limitado, conceito de ordem. Lançam seus olhares par a Universidade como um problema e não como uma riqueza ou um patrimônio da cidade (muitos até comerciantes ou funcionários de setores muitas vezes economicamente impulsionados por estudantes, como vídeolocadoras, lanchonetes e padarias da própria Zona 7).

   Antes da Lei Seca muito se reclamava do barulho e da bagunça dos estudantes da zona 7 em torno dos bares da UEM. Daí pra culpar a bebida é um "pulo". Contudo após a lei a coisa piorou, pois antigamente os frequentadores dos bares que, legalmente e legítimamente, buscavam lazer e diversão, se dividiam entre diversas opções para gostos e públicos diferentes; agora passaram a concentrar-se em poucos bares, um pouco mais longe das fronteiras da Universidade, mas ainda na Zona 07. O resultado foi uma maior aglomeração do barulho e das festas, o que passou a ser reprimido muitas vezes com truculencia por uma polícia mais preocupada em "descer o cassetete" em estudantes (deve ser saudades da ditadura militar, ou recalque de alguns soldados e oficiais que não conseguiram entrar na universidade pública), do que vigiar as ruas da zona 7, cada dia mais recheada de assaltos, roubos e furtos com pouca repercussão na imprensa local.
Usar a polícia pra essa finalidade é cômodo e covarde. É como usar um canhão pra matar um rato.
O curioso é notar o quão falso é o argumento de que os estudantes moradores da Zona 7 são os maiores causadores de barulho na região. A maioria destes estudantes são provenientes de outras cidades, que geralmente esvaziam as ruas do bairro em fins de semana com feriados prolongados; e curiosamente nos dias de férias e feriados o barulho continua, o que me faz pressupor que os moradores da Zona 7 não são os grandes "culpados" pelo barulho.
Quem realmente faz barulho são os filhinhos de papai, playboys e agroboys, que com seus automóveis e caminhonetes desfilam pelas ruas, ocupando seus porta-malas com caixas de som ensurdecedoras, sem perguntar para os outros se estão interessados em ouvir as mesmas músicas que eles(em geral de péssimo gosto -------> opinião pessoal). São pessoas que não se importam com Lei seca na zona 7, pois podem, e têm condições de se deslocarem para outros lugares para cantar os pneus e exibirem suas caminhonetes como a representação de virilidade e masculinidade (Pensam que a caminhonete é uma extensão de seus próprios falos).


A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

Fator antigo, e mais do que óbvio para aqueles que precisam morar nas proximidades da UEM, é o alto custo dos alugueis existentes na Zona 7. É claro que um processo de encarecimento da moradia ocorreu em todo país, contudo em Maringá, esse processo começou antes e com um inflacionamento do preço das moradias muito maior que em qualquer outro lugar. O preço da moradia em Maringá chega a competir com o valor de capitais com São Paulo e Curitiba.
O alto custo da locação dos imóveis encarece o custo de vida na cidade.
É claro que nesse processo de valorização de imóveis, precisa-se gerar condições habitacionais que permitam que esse mercado especulativo de valores imobiliários (não é nem um termo formal e econômico, eu que estou dizendo para exemplificar) tenha seus produtos valorizados. Para essa finalidade uma lei que proíbe bares (que ao chegarem à falencia dão lugar à salas comerciais) cai como uma luva para as imobiliárias e os proprietários de imóveis.
Contudo, não se pode dizer explicitamente que esse é o objetivo, talvez por questões éticas ou até cristãs (dizem que ganancia é um tipo de pecado), então esse objetivo reveste-se por argumentos moralistas e retrógrados, como o de que o "jovem maringaense deve ficar longe da bebida, para poder concluir seus estudos de forma mais proveitosa, e saudável". Parece propaganda de Biotônico Fontoura (que era bem melhor quando continha alcóol).

As "santas, santos, beatas, beatos e neocons" maringaenses aplaudem de pé argumentos como este.

O DIREITO DE IR E VIR.

A primeira Lei aprovada nesse sentido proibiu o comércio e o consumo de bebidas durante os dias de realização do vestibular, como forma de coibir qualquer tipo de manifestação festiva ou aglomerações de vestibulandos na Zona 7. A lei elaborada pela vereadora Marly Martin, que adora aprovar leis municipais pautadas por Leis divinas, (o famoso lobby religioso, hoje existente em todas as instancias legislativas, e até executivas, do poder) o apoio da comunidade foi imediato, e o projeto foi aprovado.
Posteriormente, em outra lei de autoria da mesma vereadora proibiu-se a comercialização de bebidas alcólicas nos arredores de 100 metros da UEM, mais uma afronta ao direito de ir e vir, e o mais grave, afetam comerciantes que dependem dos bares como forma de sustento. Após a lei, alguns bares fecharam e outros bares mais antigos tiveram o movimento reduzido drásticamente e realizaram demissões de funcionários para poderem manter os estabelecimentos abertos.
Além disso, a lei interfere no direito dos estudantes de escolherem se pretendem beber ou não. Cabe lembrar que não estamos falando de crianças bebendo, mas sim de estudantes que em geral são maiores de idade e a lei assegura que podem consumir bebidas alcólicas.

A "CRUZADA" ANTI-BEBIDA CONTINUA
 
Até o direito de tomarmos uma cevejinha está ameaçado.
Agora, a vereadora Marly quer ir mais além, quer "secar" os bares da cidade toda. Seu novo projeto pretende limitar o horário de comercialização de bebidas alcólicas em bares para às 23hs. Sim, Maringá pode correr o risco de ser uma cidade limitada (mais do que já é) no que diz respeito à opções de diversão e lazer.
Qual será o próximo passo, proibir a venda de bebidas em toda a cidade, em todos os dias e horários. como nos EUA da década de 1920? (se isso acontecer eu me tornarei contrabandista de bebidas, anotem isso).
Ou então, será que os representantes da dinastia Pés de Barros em Brasília sugerirão a aprovação de 30 anos de cadeia para quem beber?

Ou aprovarão uma lei que obrigue todos Maringaenses a se confessarem uma vez por semana, lerem a bíblia e fazer uma oração ao Santo Barros duas vezes por dia?

 Parece brincadeira, mas as leis mais absurdas não surgem de uma hora para outra, elas vão chegando uma a uma, sendo aprovadas e cumpridas a todo custo. Quando nos damos conta nossas vidas foram cerceadas de forma autoritária.

E os estudantes da UEM o que fazem?
Infelizmente até agora nada vi. O Diretório Central dos Estudantes, na gestão Bonde do Amor, aceitou de forma "amável" a lei, até se colocou contra, mas nada fez, nem pressões, nem manifestações, nem negociações, nada!
É preciso mudar essa perspectiva. Caso contrário, corremos o risco de sermos obrigados a tomar leite em nossos momentos de diversão em Maringá.
Triste esse retrocesso na mentalidade de uma cidade que se propõe "progressista" no que diz respeito à urbanização.

O leite será servido em festas e bares, inclusive acompanhando porções.
Daqui a pouco os produtores de Soja da região (verdadeiros barões) pressionarão a câmara municipal para proibir a venda de qualquer outra bebida na cidade, além do leite de soja.
Esse não é o caso. Bem ou mau, o agronegócio não está se lixando para nós, estão mais preocupados com os países para quem exporta do que com a comida na mesa do brasileiro.
Porém nunca se sabe os rumos que podemos tomar, nem que tipo de leis essas instituições malucas continuarão a aprovar. Devemos estar atentos.

E VOCÊ, O QUE PENSA SOBRE A LEI SECA EM MARINGÁ?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cinema, História e Música: Nascido em 4 de Julho + Guerra e Imperialismo dos EUA + Creedence

Anteontem estava com preguiça de estudar (tá, eu sempre estou com preguiça) e cometi um dos pecados na vida de um estudante "atarefado": parei e fiquei em frente à TV. Após re-assistir o bom "Perfume de Mulher" com uma das melhores atuações de Al Pacino, acompanhado do fraco Chris O'Donnel (alguém sabe se esse cara ainda está vivo? Já foi até Robin em "Batman: eternamente") resolvi "sapear" a programação dos canais de filmes e eis que me deparo com "Nascido em 4 de Julho", de Oliver Stone, no qual Tom Cruise interpreta Ron Kovic.

Kovic é jovem um estadunidense "boa praça" produto da geração dos Baby Boomers pós II Guerra Mundial, que acredita nos ideais do "American way of life" e da classe média estadunidense, compartilhando de todas as crenças políticas que, em geral, povoam a mente do cidadão Norte Americano médio: anticomunismo, crença na sociedade de consumo, patriotismo exacerbado (e em geral temperado por um certo irracionalismo religioso) e a incorporação da idéia dos EUA como o defensor da liberdade mundial. Estes são alguns dos motivos que levam Ron (Cruise) a se alistar como voluntário na Guerra do Vietnã (1965-1975).

Contudo as experiencias de guerra deixam sérias feridas na vida de Kovic, tanto físicas (se torna paraplergico), quanto morais e mentais. Em seu retorno, sofre com o descaso do governo para com ex-combatentes e o desprezo da sociedade (incluindo sua família). Kovic é visto como um inválido, fracassado e perdedor; uma vergonha nacional. Tais fatores fazem com que todo o arcabouço de crenças. nas quais ele pautava sua vida, se desmorone. Kovic passa de patriota, "combatente leal para com a pátria" à militante anti-guerra, junto a outros ex-combatentes e militantes de uma contra-cultura em plena ebulição em fins da década de 1960 e 1970.
Cruise interpretando o veterano do Vietnã: Ron Kovic
 O filme, produzido em 1989, baseado nos relatos do próprio Ron Kovic (sim, existe um Ron Kovic na vida real, ele escreveu um livro que inspirou Oliver Stone) traz questionamentos contundentes à Guerra do Vietnã e principalmente ao problema do veterano. Cabe dizer que nos EUA, o tema "Vietnã" é sempre um assunto delicado e que divide opiniões. A década de 1980 representa o momento no qual esses debates resurgem de forma bastante intensa na sociedade e no jogo político, principalmente com o advento militarista promovido pelo presidente Ronald Reagan e seu sucessor George Bush (o pai).
O filme me interessa por estar relacionado com o trabalho que desenvolvo no mestrado: a análise da trilogia Rambo na década de 1980. Nascido em 4 de julho representa um tipo do filme que podemos considerar como uma antitese dos filmes pró-guerra Rambo II: a missão e Rambo III , respectivamente de 1984 e 1987 (um dia faço uma postagem falando somente disso). Além do que o filme pode ser ideológicamente contraposto ao trabalho anterior de Tom Cruise: Top Gun: Ases indomáveis, um filme no qual a guerra é vista de forma empolgante e excitante.
Kovic em protesto contra a Guerra do Vietnã

É incrível ver que mesmo uma indústria cinematográfica tão ideologicamente pautada por valores conservadores e que tradicionalmente apoia governos militaristas e que inunda as telas com mensagens americanistas, possua brechas para filmes questionadores. É  importante notar que a industria do cinema é complexa, é permeada por diversos fatores, incluindo o de mercado, e mesmo com uma alta cúpula de executivos aliadas ao governo, existem artistas que mantém uma postura crítica à alguns valores e crenças da sociedade estadunidense e que conseguem transitar utilizando a estrutura econômica dos estúdios para produzirem contestações e debates em torno de questões importantes.
O veterano Ron Kovic (o de verdade) é até os dias de hoje um ativista e militante anti-guerra, é, atualmente um crítico ferrenho do impulso militarista do século XXI e das invasões do Afeganistão e Iraque
 Não existe um motivo especial para eu estar falando sobre isso justamente hoje, a não ser o fato de eu ter visto o filme por acaso anteontem. Nem tive a intenção de trabalhar com a perspectiva da crítica cinematográfica. O que me interessa são os fatores históricos que eu mencionei.

Kovic em protesto contra as guerras de George W. Bush (Afeganistão e Iraque
Mas é importante destacar, o quanto as experiencias de guerra anteriores nos podem servir como um mural sangrento para que pensemos um pouco sobre uma realidade atual. Seria o Iraque um novo Vietnã? Em que medida os cidadãos dos EUA pautam suas vidas pelas guerras: sejam pessoas que realmente acreditam nos ideais da democracia cristã redentora ou por mulheres, como as mães dos soldados do Vietnã que nem sempre dão à luz a um "Fortunate Son", que escapa da carnificina da guerra pelo berço de ouro e contatos políticos.


Músicas como Fortunate Son, do magnífico grupo californiano Creedence Clearwater Revival, fazem uma crítica à  convocação dos jovens estadunidenses para lutarem na guerra do Vietnã.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

As boas vindas: Postagem Inaugural


Olá para todos (se é que algum corajoso irá acessar esta página).
Após anos e anos ensaiando, enfim, resolvi montar um blog e dar início à algo que nem eu sei direito pra onde pode caminhar.
Não sei ao certo o porquê, nem o objetivo do blog; até por esse motivo a descrição do mesmo se deu pela primeira frase que veio em minha mente: "Tem muita farofa pra pouco feijão". Não possui nenhum objetivo pseudo-filosófico ou impactante, provém apenas do fato de que poucos minutos antes dessa postagem eu empunhava um pote com feijão e farofa (lanche da tarde), poderia chamar de farofa com feijão também.