sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ocupação da Reitoria : a primavera da UEM

De tempos em tempos ocorre em nossa sociedade momentos de grande valor histórico.
Mobilizações, protestos, atos públicos, entre outras manifestações políticas, são coisas que ocorrem sempre, em todos os cantos, aqui e acolá juntam-se pessoas em prol de algum ideal, em prol da construção de algumas coisas ou pela desconstrução de outras. Afinal o tempo histórico implica mudança, e os diferentes contextos propiciam algumas reivindicações.
Contudo, nem todas essas mobilizações conseguem atingir seus objetivos, algumas vezes são emperradas por um contexto desfavorável, por ações desmobilizadoras por parte da autoridades, e principalmente, por falta de apoio e respaldo de muitos que poderiam se inserir na luta. Algo que acaba gerando certa frustração em alguns defensores dessas causas.
Quando a mobilização conta com um contexto favorável, com o apoio de muitos membros pertencentes ao grupo social para o qual se luta, com reivindicações coerentes - que convocam os espíritos aguçados e sedentos por melhorias - e com uma organização muito bem estruturada, harmônica e democrática; o que se sucede é um daqueles momentos únicos, maravilhosos, de luta, de conquista, que mostram para a sociedade que a luta e a pressão podem e devem ser meios para alcançar melhorias e avanços.
Na história da humanidade podemos destacar eventos como o "Maio de 1968" na França,  a "Primavera de Praga", na Tchecoslováquia, no mesmo ano. No Brasil também tivemos nossa primavera com mobilizações ao final da ditadura militar.
Em esferas menores, como universidades, indústrias, municípios e bairros também nos deparamos com um daqueles momentos quase mágicos e únicos de luta e conquista, que marcam a história e a vida daqueles que participaram, se envolveram, acompanharam, da sociedade ou instituição em que ocorre, como é o caso de movimentos estudantis. Enfim, que podemos considerar como um alvorecer político, uma primavera de lutas, de culura e de debate em torno dos problemas que nos cercam

Na última semana, a Universidade Estadual Maringá (UEM) viveu um desses momentos únicos, daqueles que se inicia com reivindicações e manifestações, e ganha proporções maiores, mais do que os próprios estudantes que encabeçam a luta poderiam imaginar quando tudo começou.


As reivindicações ("Quem não pula quer Steak!")

No fim de 2010, nas eleições do DCE da UEM, a chapa Movimente-se UEM alcançou uma esmagadora vitória no pleito. A chapa representava uma reorganização, renovação e remobilização do movimento estudantil na universidade, mantendo algumas importantes bandeiras  (como a construção da Casa do Estudante e a luta por melhorias nos campi extensões da UEM) e levantando outras (como a questão ambiental na universidade). Além disso, a chapa marcava o fim da estapafúrdia gestão Bonde do Amor.
Na gestão da entidade estudantil, a Movimente-se realizou inúmeras reivindicações, com diversos flancos de luta, mas com uma coesão e apoio nunca antes vistos. Desde o início do ano os problemas do RU e o corte de verbas estaduais em 38%  foram os carros-chefe da atuação do DCE, que sempre buscou cobrar da reitoria, e negociar com ela, as propostas para solução destes e de outros problemas.
Mesmo com a realização de inúmeras tentativas, com reuniões e documentos que pautavam os objetivos à serem alcançados, a reitoria nada fez para solucionar os problemas. (ou então fingiu que fez, como ocorreu com a patética troca da coordenação do Restaurante Universitário).
O DCE deu um prazo para a reitoria se posicionar, anunciar medidas e prazos para cumprí-las. A data limite foi estipulada para o dia 25 de agosto, para quando foi marcada uma manifestação que daria o ultimato à reitoria, ou no caso das reivindicações sobre o RU, um RUltimato, como sugere o vídeo produzido para apontar as condições do RU, principalmente as condições insalubres de trabalho, nas quais os funcionários do RU estão inseridos.

 

A ocupação

Na referida manifestação do dia 25 de agosto, os estudantes se reuniram no RU e de lá subiram para a reitoria, com o intuito de cobrar providências do reitor. O que se vê a partir de então é uma sucessão de fatos que torna esse evento um dos mais importantes, abrangentes, organizados e vitoriosos de toda a história dessa Universidade.
Ocupação da reitoria: dia 25/08/2011
Após o reitor apresentar uma lista de propostas  que não satisfez as reivindicações dos acadêmicos, foi realizada uma assembléia, na qual se decidiu pela ocupação do prédio da reitoria e a exigência de negociações com representantes do Governo Estadual do Paraná, para o atendimento das reivindicações.
A entrada na reitoria não foi tão fácil assim, os estudantes foram barrados por alguns vigilantes - um deles chegou a usar um aparelho de choque elétrico contra um dos estudantes - e tiveram dificuldades para convencer alguns funcionários da reitoria  (incluindo o próprio reitor) de que a ocupação era pacífica, e que eles poderiam deixar o prédio sem problemas.
O prédio foi ocupado, e os estudantes zelaram pelo patrimônio público, catalogando todos os itens lá existentes, para depois poder entregar a reitoria nas mesmas condições em que ela estava quando foi ocupada. A unica porta que teve de ser arrombada foi substituída por uma nova, que foi envernizada no dia da desocupação. Ou seja, a organização se deu desde o começo. E se manteve durante toda a ocupação.
O que se viu daí em diante foi um sucessivo crescimento da adesão ao movimento e um aumento de força do mesmo.


A primeira vitória

Eu, como ex-acadêmico da UEM, sempre procurei me interar dos acontecimentos da universidade, mesmo após eu não pertencer mais à comunidade acadêmica. Contudo eu não pude presenciar a ocupação por motivos de trabalho; porém, mesmo sentado frente ao computador, em casa, já pude perceber a primeira vitória desse movimento.
Independente dos resultados que a negociação traria - negociação que foi marcada para a ultima terça-feira, em curitiba - no fim de semana já era possível concluir algumas grandes vitórias que a ocupação trouxe para a Universidade.
A forma como estavam organizados os estudantes era bonita de se ver. Todo mundo trabalhando duro
para encaminhar as lutas, manter a organização do local, cuidar da segurança, da alimentação, da divulgação do movimento no blog e nas redes sociais, de organizar as reivindicações e chamar os estudantes para a luta.
O clima da ocupação contribuiu para ocasionar o que, ao meu modo de ver, foi a grande conquista que a ocupação já havia obtido, independentemente do resultado: o florescimento cultural e político da universidade.

Em todos os locais, dentro e fora da UEM: Nas salas de aula, nos departamentos, nas redes sociais, nas conversas do fim de semana, enfim, na esfera universitária, e até mesmo fora dela (apesar das distorções que a imprensa e a sub-imprensa maringaense tentou realizar acerca do movimento) um assunto predominava: a ocupação da reitoria. Contra ou a favor (a maioria dos comentários que vi) todos se posicionavam e fazia crescer a movimentação no campo do debate.
Poucas vezes a UEM havia se tornado o palco de um debate político tão intenso. E só de conclamar todos ao debate já foi uma vitória.

A ocupação da Rádio UEM, no domingo, deu ao movimento maior amplitude, permitindo que ele pudesse chegar aos ouvidos de quem até então só poderia ouvir ou ver todas as baboseiras faladas e escritas na mídia local (O Diário, RPC, Rede Massa, RIC TV), e não ter contato com mais nenhuma informação relevante sobre o movimento.
Além disso, o movimento contou com um "florescimento" cultural. A ocupação não era um espaço apenas ocupado, um vazio ocupado por estudantes.
A reitoria, teve 8 dias de manifestações culturais, de debates promovidos, de aulas ministradas, de oficinas. O que contribuiu para o clima de harmonia que o local emanou.
Ao chegar na ocupação era possivel ver que a universidade parecia ter ganhado uma nova cara. Na qual os universitários efetivamente estavam fazendo política e cultura.
Cartazes poéticos eram complementados pelo debate político, que por sua vez era embalado pela batida forte, enérgica e vibrante do maracatu.
Quem estava em casa, podia compartilhar desse clima pela Rádio UEM, que recebeu o nome de Rádio Ocupação.


Durante meus 7 anos na UEM (Graduação e Pós Graduação), eu, que já havia participado de mobilizações e manifestações políticas jamais tinha visto algo nessas proporções. Um debate político tão intenso, e o principal, que envolveu uma grande quantidade de pessoas.
Melhor do que pessoas dando opiniões, a ocupação da reitoria, conseguiu angariar um apoio enorme da comunidade acadêmica. Algo que nos meus tempos de graduação, eu nunca havia conseguido ver.
Quando eu era um estudante do curso de História, na UEM, participei por diversas vezes, de muitas manifestações e mobilizações no meu curso e na universidade. Contudo, sempre recebendo inúmeros olhares de reprovação e palavras de desprezo pelas lutas. Conseguiamos apoio? Claro que sim, mas era muito reduzido para assegurar um movimento com grande respaldo da comunidade acadêmica.
Conversando com um colega meu que participou de lutas naquela época, eu afirmei que nós davamos "murro em ponta de faca", e que nós até que faziamos bastante barulho dentro daquele contexto que proporcionava resultados em menor escala.

Servidores do RU apaludindo estudantes.
A ocupação de 2011 foi algo em proporções que eu nunca havia visto. A amplitude que o movimento ganhou, o apoio maciço de alunos de cursos variados, a quantidade de pessoas presentes na ocupação todos os dias, o apoio importante de muitos professores e de servidores de alguns setores (principalmente do Restaurante Universitário) deu à ocupação um caráter único. Um daqueles momentos que transcendem as expectativas de todos e acabam entrando para a história.

Luta! Luta... Vitória.... e mais luta!

Ato pela educação, realizado na terça, dia 30/08/2011
A semana transcorreu, e a ocupação se mantinha firme. Fui até o local todos os dias, a partir de segunda feira. E o que vi não só confirmava o que descrevi, como me emocionava.
Me saltava aos olhos. Um misto de saudade da graduação e de alegria por saber que eu dei a minha pequena contribuição há um tempo; e que os objetivos já traçados naqueles tempos, amadureceram e deram frutos; tudo isso desembocava em arrepios em minha pele e as vezes até em lágrimas que umedeciam e ameaçacam transbordar de meus olhos.
Só quem lutou por algo, quem almejou melhorias, quem ama essa universidade, como eu amo, mesmo não sendo mais aluno, sabe o que significa ver uma luta chegar a um alto nível de organização, mobilização, respaldo  e principalmente na conquista dos objetivos almejados.

Sim, a vitória veio. Após negociações, o corte da rádio por parte do reitor,  a reativação da rádio e um belíssimo e emocionante Ato pela Educação, na ultima terça feira; é que os estudantes conquistam avanços concretos: a reunião com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) apresenta avanços e a garantia de várias reivindicações atendidas, mas ainda é pouco. Os estudantes decidem por elaborar uma contra-proposta, contemplando os objetivos requeridos. (clique aqui para ver as contrapropostas)
O desfecho vem após o reitor e a Seti acatarem todas as reivindicações da contra-proposta. E enfim a vitória estava consolidada.
O mais belo nesse desfecho foi a emoção com a qual os estudantes da ocupação receberam a notícia. Em poucos minutos, diversos estudantes chegaram à reitoria e comemoraram.

Ato pela educação e de vitória, dia 02/09/2011
A alegria no semblante dos estudantes era de grande magnitude, o que não deixava transparecer o cansaço daqueles que durante oito dias lutaram com todas as forças; ocupando um espaço público que já é nosso, e que é outorgado pela comunidade acadêmica para o reitor utiliza-lo em prol da univerdiade.
Muitos estudantes quase nem dormiram nesse período de ocupação.
Eu nunca havia visto algo tão arrepiante; tão emocionante, tão belo como a luta e a conquista dos estudantes da UEM. Eu nunca havia visto um movimento tão amadurecido e tão organizado. Eu nunca havia visto uma adesão tão grande à uma manifestação na UEM.
Uma prova de que os movimentos sociais, como o movimento estudantil, estão ganhando corpo, estão ganhando solidez e estão crescendo em adesão.
Durante uma semana, eu acompanhei essa luta, e a defendi com muito afinco. Debatendo, discutindo e torcendo pela conquista dos estudantes. Uma conquista que também é minha. É de todos, acadêmicos ou não. Que passam ou que passaram pela UEM em algum momento de suas vidas. Ou daqueles na sociedade que almejam um lugar melhor para viver. A luta estudantil é uma das lutas por uma sociedade mais justa. Ela aponta um caminho importante: É possível vencer lutando! Os resultados estão aí, concretos; e que agora serão fiscalizados e acompanhados pelos estudantes.

Todos que lá ficaram enfrentaram o desconforto de dormir na reitoria, abandonaram o aconchego de seus lares, deixaram de lado muitos afazeres e, principalmente, levantaram de seus lugares para reivindicar o que nos é de direito para a universidade. E junto com eles tiraram inúmeras pessoas do ostracismo e da apatia política, e trouxeram para o movimento.
Como diz a palavra de ordem puxada pelo movimento:
"Vem, vem, vem, que a luta cresce!"
Eles vieram, e vieram em grande número! A luta cresceu, e como cresceu!
Se tornou o que de mais belo surgiu nessa universidade nos ultimos anos, um dos momentos mais belos de toda a história da universidade.
Sim, a luta cresceu, e a UEM floresceu.
E a primavera das conquistas políticas finalmente chegou por aqui.
Mas não parou, porque muitas outras estações ainda virão

domingo, 5 de junho de 2011

"Mãos na cabeça" - A supressão dos direitos estudantis em Maringá

    Há um tempo sinto que a situação do estudante da UEM tem se tornado mais complicada no que diz respeito à sua vida na Zona 07 e arredores.
    Já fiz um post sobre isso, quando eu iniciava minhas atividades "bloguísticas": Em Maringá a diversão é o leite". Contudo agora a situação parece que piora. A polícia continua agindo em uma política hipócrita anti-estudantil, enquanto a criminalidade cresce. O prefeito, não contente em esmagar a diversão na Zona 07, agora também boicota qualquer festa estudantil em locais onde o barulho não geraria nenhum problema.
   Na semana passada o bar Kanarinhus, que concentrava os jovens nas noites de quinta feira, veio a fechar, por conta dos inumeros prejuízos causados pelas "sutis" ações policiais, com o intuito de dizer aos jovens que era hora de tomar leite e ir para a cama. É claro que o toddy, nesse caso, foi substituído por cassetetes.
   Eu não era um frequentante do bar, gosto de outros tipos de festa. Nem sou um defensor da utilização do som automotivo à volumes exagerados, afinal, quem avisou os motoristas que meu gosto musical é o mesmo deles?
Policiais tratando estudantes como bandidos.
Os mesmos negligenciam os sucessivos assaltos no bairro
   Contudo o que vemos é um exagero nos argumentos e um desvio na verdadeira raiz do problema: o barulho. O moralismo maringaense, tanto das autoridades, quanto da associação de moradores da Zona 07 (que exclui os estudantes do rol de moradores do bairro), levaram o problema do barulho para uma compreensão equivocada da questão: a de que a bebida e os estudantes é que são o problema no bairro.

   O que vimos recentemente foi um recrudescimento das ações anti-estudantis, rotulando todos os estudantes como "baderneiros, bagunceiros", e por que não "bandidos? O que se vê tem origem mais em um conflito de gerações, do que em uma disputa por questões práticas. É uma disputa por um espaço fictício dentro de um bairro.
   Sem falar, é claro, na evidente especulação imobiliária que permeia essa questão, pois é de interesse do prefeito (apoiado por seus "engomados" senhores provenientes do mercado imobiliário) e a associação, que prevê mais um aumento no valor dos imóveis do bairro.
   Afinal, não ouvi ninguém propor a solução do problema por meio de leis e fiscalizações que controlem o volume do som automotivo, ou proveniente de bares. Ao invés disso, propõem o fim definitivo do direito à diversão.

   Os politicos e moradores conservadores que defendem essa política anti-estudantil não fizeram um levantamento mais apurado sobre a questão, com o intuito de verificar quem realmente são os estudantes e quem eram os frequentadores do Kanarinhus. Não levaram em conta, que muitos estudantes não tem carro, e por isso não tem formas de produzir barulho, a não ser que carreguem um equipamento de som nas costas para passar poucas horas na rua, em frente a um bar (algo que julgo bem difícil de se ver).
    Nem sequer foi cogitada a hipotese de que o barulho provém de carros, que por lógica se locomovem, e podem sair da Zona 07.
    Será?
    Ahhh, tá.... Isso cogitaram! Afinal, é de interesse dos bares elitizados do centro da cidade, com maior influencia politica, que tudo isso aconteça. Afinal, o fim da diversão na Zona 07, representa o aumento da frequência desses estabelecimentos.

O que espero com isso tudo?
    Torço para que essa pressão consiga mobilizar a comunidade estudantil da Zona 07, de modo a pressionar o poder publico. É claro que é uma luta difícil.
     Não podemos também achar que se conquista algo  defendendo o indefensável, ou seja, o direito de fazer o que queremos na hora que bem entendemos, incluindo o som alto. Contudo devemos lutar para garantirmos um pouco de cidadania para os estudantes. É o direito de ir e vir que está em jogo, quando os vigilantes do copo alheio se sentem no direito de regular a frequência dos estudantes - maiores de idade, diga-se de passagem - em bares.
   Som alto se combate inibindo o barulho e fiscalizando os DJ's do gosto de do ouvido alheio com seus sons potentes. E não com a expulsão de todos, à força e com cassetetes, dos bares.
    Não sei se a campanha para que os estudantes transfiram seus títulos para Maringá surtirá efeito. Mas tudo que pode ser feito para barrar essa situação é válido. Se é que algo desse tipo tem volta.
    Caso contrário, sabe lá onde podemos chegar e o que mais pode ser tirado dos estudantes. Talvez até o próprio direito de frequentar a Universidade, algo que já não é tão fácil assim para muitos brasileiros.

domingo, 29 de maio de 2011

Mais uma volta... Ou seria revolta?

Enfim voltei. Ou revoltei.

Deixei o blog jogado às traças, à merce de moscas e com formação de teias de aranha. Imaginei até não voltar. Desistir do blog mesmo.

Aliás eu desisti!

Por algum tempo eu realmente aposentei meu blog, mas sabendo lá no fundo que voltaria. Utilizei-o muito pouco, mas com muito prazer; contudo alguns compromissos e a própria preguiça, me afastaram dele.

Um blog recém-nascido já entrando em coma. Eu já o dava como finalizado.

Muita coisa aconteceu em minha vida nesses 5 meses de abandono, em minha incipiente atuação blogueira. !
(Aliás não gosto do termo "blogueiro". Dá a impressão de profissão, quando procuro aqui um local para minha expressão, compartilhamento de idéias, debate, entre outras manifestações).

Desde o inicio dessa catalepsia bloguistica minha vida sofreu muitas mudanças. Tive 5 meses em que vivi cinco anos. Passei por correrias, vitórias, conquistas, e sem dúvida a maior tristeza que já tive em toda minha vida.

De lá pra cá, passei o mês de Janeiro no turbilhão de finalizar minha dissertação de mestrado. Foi um custo, ou como dizem por aí: "é como gerar um filho".
Após isso veio a defesa, que me apontou questões importantes para que eu me aprimore em trabalhos futuros, e veio como um sabor de conquista. Pois poucos sabem o custo que foi para que eu conseguisse manter o ânimo e finalizar esse trabalho.

Vivi também a satisfação e o desafio de retornar à docência na Educação Básica, consegui aulas na Rede Pública do Paraná, algumas definitivas, outras temporárias. Mas todas representando uma experiência complicada, mas interessante. Gratificante em algunas aspectos, complicadas em outros.

Contudo nesse tempo de ausência, ocorreu uma perda irreparável: vivi o momento mais triste de minha vida quando perdi meu querido tio. Um cara a quem devo muito do que sou como ser humano.
O motivo de seu falecimento tornou sua perda muito mais dolorosa ainda: ele foi morto em uma tentativa de assalto. Algo chocante; fato que minha família toda está tentando assimilar até agora, mas cofesso para todos que está muito difícil, mesmo após ter se passado quase 4 meses do ocorrido.
Tem sido complicado para lidar com essa situação em minha intimidade. Ele era como um segundo pai para mim. Aprendi muito com ele e guardo suas lembranças vivas em minha mente. É até difícil escrever ou falar sobre ele sem me emocionar ou me entristecer. Mas sei que o melhor caminho é falar. É um fato e tenho de lidar com isso.


Com tudo isso, o blog, que já estava encostado, foi abandonado e esquecido. Pelo menos temporáriamente.


Todavia, o mundo gira; as coisas ocorrem em nossa sociedade; pessoas falam, outras são caladas; os carros continuam transitando pelas ruas; os habitantes desse mundo maluco continuam a dar demonstrações de irracionalidade, intolerância e hipocrisia, expondo os sintomas de e as feridas da insanidade social que vivemos.


Em meio à diversas ebulições de reacionarismo, preconceito e exageros no meio social; resolvi voltar. Senti a necessidade de retornar a este espaço, de expressar meus gostos e minhas opiniões. De apontar tópicos poucos debatidos em questões atuais; seja no nível municipal, estadual, nacional, mundial, ou então na sala em que dormem minhas duas gatas de estimação. Quem acompanha o que se passa nas redes sociais e no mundo real, sabe de quais problemas falo.


Por isso, ao observar absurdos policiais em meu bairro e no país; argumentações abomináveis sobre política e ordem social, observar o preconceito crescente - e enaltecido por alguns - contra algumas minorias; medidas políticas locais basedas em hipocrisia e especulação imobiliária (como ocorre na Zona 07, em Maringá); ao ver as autoridades matando baratas com bazucas, e ainda mirando para o lado errado (um problema visto na questão dos bares de Maringá e em uma recente manifestação na cidade de São Paulo); decido voltar.

Em minha mente as idéias estão em ebulição, algumas coisa que vejo, que penso, e que não posso guardar comigo.

Esse tempo sem o blog me ajudou a amadurecer o próprio blog. Me ajudou a saber o que eu quero dele.
Quero apenas deixar explicitas minhas opniões, e quem sabe fomentar um debate, por menor que seja, sobre isso.
Ou pode ser apenas um canal para colocar minhas revoltas para fora.
Afinal, os 27 anos - completado no ultimo mês - pode ter me amadurecido em alguns aspectos, mas jamais me trouxe a caretice, a senilidade e o fim da rebeldia.